Não alcancei o apelo de ‘Guerra ao Terror’

Eu deveria cultuar “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker, EUA, 2008). Aclamado pela crítica especializada, o título rendeu o primeiro Oscar de Melhor Direção para uma mulher na história da premiação: Kathryn Bigelow.

Só que… não.

Não me entendem mal. Acho  que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas devia a estatueta a uma diretora desde “Yentl” (1983, Barbra Streisand), e acho o trabalho de Kathryn Bigelow ótimo – sou fã especialmente do primeiro “Caçadores de Emoção (Point Break, 1991) e de “Estranhos Prazeres” (Strange Days, 1996), dirigidos por ela -, mas não achei “Guerra ao Terror” nada demais. Ao menos não para merecer a campanha gigantesca que lhe fizeram à época do Oscar 2010.

Tudo bem, sou uma espectadora suspeita por não morrer de amores pelo gênero de ação (espetáculos de cenas de perseguição e tiroteio me dão um tédio sem fim), mas sou, sim, capaz de me sensibilizar por filmes de guerra que carreguem propostas de reflexão, como “Platoon” (1987, Oliver Stone) e “Apocalipse Now” (1979, Francis, Ford Coppola), por exemplo. E não tenho nada contra filmes de ação que contem uma ótima história nos intervalos dos tiroteios e perseguições de carro – a exemplo dos já citados de Bigelow e todos os das franquias “Máquina Mortífera” e Vingadores da Marvel.

Mas, de verdade, não consegui encontrar em “Guerra ao Terror” nada de útil sobre o que refletir nem uma boa história para me entreter. A mim parece um filme sem alma. Sua primeira metade, em que o trio de soldados de um esquadrão anti-bombas fica só desativando detonações – com dois deles se estranhando o tempo todo, como dois infantilóides – quase me matou de tédio. O único momento interessante, para mim, foi uma aparição do (maravilhoso!) ator Ralph Fiennes, infelizmente muito rápida, com seu rosto e cabeça escondidos e um turbante árabe na maior parte da cena (reconheço aquele par de olhos em qualquer tela).

Os norte-americanos devem ter visto algum sentido na história que não alcancei. Costumo me sentir da mesma forma com alguns filmes dos irmãos Joel e Ethan Coen (#prontofalei), como o também premiado “Onde os Fracos Não Têm Vez” (No Country For Old Men, 2008). Devem ser  filmes codificados para só um determinado gênero de platéia (da qual não faço parte) entender… Vai saber?!