Obrigada, Paralamas!

Chorei sim! E não foi a primeira vez em um show do Paralamas do Sucesso.

Há alguns anos, no Sesc Araraquara, era a primeira vez que via Herbert Vianna no palco após ele quase ter morrido numa queda de avião. O vocalista e guitarrista ainda não formulava bem as frases. Seu cérebro se recuperava do acidente grave que levou a mãe de seus três filhos, mas a (grande) habilidade na guitarra continuava lá, e o som do Paralamas, que por muito tempo achamos que não faria nada novo, seguia vigoroso, vivo, eletrizante! Como não se emocionar sendo fã de carteirinha?

No último sábado, em Ribeirão Preto, o show da turnê “30 Anos” não era para chorar. Bem ao contrário… uma paulada sonora, que a acústica perfeita do Centro de Eventos do RibeirãoShopping turbinou bem!

Por 1h inteira, sem paradinhas pra respirar, Herbert, Bi (no baixo) e Barone (bateria) e seus fieis escudeiros (o tecladista João Fera, o saxofonista Monteiro Jr. e o trombonista Bidu Cordeiro) encadearam alguns dos melhores exemplares do seu rock brasileiro com pegada latina: “Vulcão Dub”, “Alagados”, “Cinema Mudo”, “Ska”, “Perplexo”, “O Calibre” (rockaço!), etc, entremeados de baladas não menos empolgantes, como “Lanterna dos Afogados”, “Tendo a Lua”, “Quase um Segundo”.

O público até se manteve – visivelmente a contragosto, a julgar pelas “cadeiras dançantes” – sentado por boa parte do show, como obriga a estrutura da sala. Mas então, lá pela 10ª, 11ª sequência, “Meu Erro” explodiu do palco e pareceu uma ação combinada: não teve quem, de adolescentes imberbes a sessentões (tinha de todas as idades), não chacoalhasse os esqueletos. E seguiu assim por “A Novidade”, “Melô do Marinheiro”, “Perplexo”, “Loirinha Bombril”…

E em “Óculos”, quando Herbert editou o refrão – “por cima dessas rodas também bate um coração”-, uma ovação foi a resposta.

No Bis, mais alguns sucessos e covers de “chegados”, como Lulu Santos e Ultraje a Rigor. Pra não perder a verve de contestação que sempre os acompanhou, “Que País É Este”, do Legião, encerrou com chave de ouro.

Claro que cantei todas, dancei todas, sentada, em pé… e chorei em algumas. Novamente de gratidão. “Vi o meu passado passar por mim”: a adolescente problemática, a jovem adulta batalhadora, a mulher madura estressada… para todas o som desses caras criaram oásis de alegria e festa no meio de cotidianos difíceis. E os versos enganadoramente banais de Herbert sempre me falaram muito mais do que as palavras que eles encadeiam: “Eu hoje joguei tanta coisa fora” – a lição de desapego de “Tendo a Lua” muito menos sobre “cartas e fotografias” do que “gente que foi embora”.

Fico pensando se nossos ídolos fazem alguma ideia do quanto entram em nossas vidas e as influenciam. No caso dos Paralamas, pulsa em mim um “amor de turma” – para citar a Paula Toller – cheio de gratidão, ternura e reverência. Se eu nunca tiver a oportunidade de dizer isso pessoalmente a eles, que fique ao menos este testemunho público: obrigada, caras! Vocês trouxeram (trazem) muita alegria à minha vida.

1 comentário

    • Márcio Pelegrina / Ribeirão Preto em 5 de julho de 2015 às 16:07

    Assino cada palavra embaixo Sil. Assim como para você tiveram essa importância, pra mim deram um novo sentido à minha vida: a de me tornar músico. A culpa é deles! rs.
    E fico imensamente feliz de compartilhar esse momento com você, é mais um elo que temos nessa nossa parceria de tantos anos. E pensar que quase “jogamos tanta coisa fora”, porém “aonde quer que eu vá, levo você no olhar”…
    Te amo!

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