Por falar em racismo, ‘Soul Man’

Em meio a polêmicas sobre racismo, outro filme com a temática que costuma me voltar à memória é “Soul Man” (1986), de Steve Miner – diretor mais conhecido pela direção de produtos para a TV. Seu argumento citava a lei de cotas para negros nas universidades norte-americanos, o que, naquela época, ainda era algo impensável no Brasil.

Acredito que o marketing equivocado feito para o filme no Brasil tenha sido responsável por sua baixa popularidade – talvez acreditando que fisgaria mais bilheteria, a distribuidora deu-lhe o título brasileiro de “Uma Escola Muito Louca” e divulgou cartazes e trailer que davam a entender que se tratava de mais uma comédia adolescente. Deve ter perdido, com isso, muito público que aprecia filmes com temáticas sociais.

E aqui a questão das cotas e o racismo contra negros são apresentados de forma leve, mas não menos séria. “Soul Man” (prefiro usar o título original) traz um jovem C. Thomas Howell  (de “Vidas sem Rumo” e “Amanhecer Violento”) na pele de Mark, um riquinho mimado cujos pais resolvem, sem aviso prévio, ensinar-lhe o valor do esforço pessoal decidindo que ele terá de se virar sozinho para pagar a faculdade. Ele decide, então, disfarçar-se de negro para ganhar direito a uma bolsa de estudos da cota racial. Não fazia a mínima ideia dos preconceitos e discriminação que viria a sofrer.

Uma cena em especial ficou marcada  em minha memória e me ajudou a definir a postura que eu mesma assumiria diante das dificuldades: Mark está preso por ter sido confundido com um criminoso escolhe fazer o único telefonema a que tem direito para um professor – também negro – com o qual se identifica (James Earl Jones, que emprestou sua voz a Darth Vader de “Star Warz”). Para a surpresa de Mark – e de todos os espectadores -, o professor chega trazendo o livro que ele precisa estudar para a próxima prova da faculdade e, em vez de  uma mão na cabeça, um chacoalhão. Ao perceber que o jovem está aceitando a posição de vítima, avisa que para o resto da vida ele terá que se esforçar mais que os outros para obter os mesmos resultados e. “Se for preso, estude na cela, porque a prova vai acontecer com ou sem você e, se não a fizer, ninguém vai ligar. Só você vai perder. Injustiças assim vão acontecer muitas vezes ao longo de sua vida [como negro]. É sua escolha deixá-la interromper sua trajetória”, foi mais ou menos a mensagem passada, não exatamente com estas palavras.

Uma lição que nunca esqueci. Levei pra vida.

1 comentário

    • barnabes-juquitiba em 14 de julho de 2014 às 11:45

    gostei muito deste filme,pricipamente do final,pena que poucas pessoas hoje nao assistiram.

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