Terapia de grupo para ‘luluzinhas’

A “formulização” dos roteiros de cinema pela grande indústria torna cada vez mais raro eu me divertir com uma comédia romântica. É que assistir muitas vezes a filmes que seguem a mesma fórmula de  roteiro, feita para atrair grandes bilheterias, faz a gente adivinhar  o que vai acontecer e até sentir muita vergonha alheia com cenas e diálogos piegas ou desfechos forçados. Um saco, né?!

Mas, graças à “Nossa Senhora dos Cinéfilos”, alguns roteiristas ainda conseguem inovar e, às vezes, até brincar com as fórmulas batidas do cinemão, como foi o caso em “Sintonia de Amor” (sobre a qual já escrevi aqui), e a comédia romântica tema deste texto: “Ele Não Está Tão a Fim de Você” (He’s Just Not That Into You, EUA, 2009), com direção de Ken Kwapis.

Há muito tempo eu não me entregava sem reservas a um “filme para luluzinhas” (que, aliás, adooooro quando bem feito!). Dei boas risadas, mas também me enterneci com alguns trechos mais românticos e/ou dramáticos de cada uma das histórias paralelas que se entrelaçam no filme.

O roteiro escancara a tendência feminina em encontrar desculpas e significados ocultos para a covardia masculina em “falar a real” para as mulheres. Ou seja, assumirem, sem truques, com toda a franqueza que o sexo oposto merece, o que realmente querem em um relacionamento.

Não posso falar sobre todas as mulheres, mas eu mesma me vi em mais de uma situação emblemática reproduzida no filme e sei que várias amigas também (não é, Karen Rodrigues e cia.?). Todas descobrimos que pode ser bem catártico nos permitirmos dar boas gargalhadas ao nos vermos no “espelho social” que o cinema, às vezes, propicia.

Admiro até que FUI (observem o tempo do verbo) a personagem de Ginnifer Goodwin, romântica incurável que busca um relacionamento sério, mas vive caindo nas “mentirinhas” que os homens contam para simplesmente “pegar” o máximo de mulheres que puderem. E quando os potenciais candidatos a namorado não ligam de volta após o primeiro encontro, levanta todo tipo de hipóteses psicanalíticas para desculpá-los. Quem faz Ginnifer acordar para evidências de que as tais desculpas que os homens dão significam simplesmente que eles não estão a fim dela é o personagem de Justin Long, barman “sincerão” de quem se torna amiga. Ele passa a ser seu consultor na interpretação das “desculpas” que os homens dão, para que ela pare de perder tempo tendo expectativas com quem não merece.

Só cito o perfil da personagem de Ginnifer porque é aquele com o qual me identifiquei, mas a partir das experiências das amigas dela, outras situações se ramificam em um mosaico das dúvidas que assombram os relacionamentos modernos. Tenho certeza que todas encontram similares na realidade, mas desconfio que a coisa toda só terá graça para quem estas situações já ficaram no passado…

Rir de tudo é muito mais fácil quando a doença não está mais instalada.