‘Inverno da Alma’ exala aridez

Se tivesse que descrever o filme  “Inverno da Alma” (Winter’s Bone, EUA, 2010) em uma única palavra seria “aridez”. Neste filme dirigido por Debra Granik, que concorreu ao  Oscar 2011 de Melhor Filme, tudo – do cenário às relações  – evoca secura e desolação. Seu maior mérito, porém, foi ter revelado ao mundo o grande talento interpretativo de uma jovem Jennifer Lawrence.

A história gira em torno das buscas que a adolescente Ree Dolly (Lawrence) empreende atrás de seu pai, desaparecido desde que saiu da prisão. Precocemente amadurecida pelas circunstâncias – cuida da mãe doente e cria os irmãos de 7 e 12 anos sozinha -, Ree tem urgência em encontrá-lo antes da data da audiência  que decidirá se sua família será despejada e separada pelo Estado.

A determinação com que a jovem entrega-se à investigação sobre o paradeiro do pai, mesmo sob ameaças de parentes criminosos é admirável. Sem derramar uma lágrima, a jovem visita e é visitada por policiais, traficantes e um agiota.

Florestas de galhos e folhas secos, chão duro de terra, pântanos gelados, clima frio e habitações pobres de madeira são os cenários percorridos por Ree durante suas buscas, intensificando a sensação de desolação que embala todas as cenas.

Jennifer Lawrence também foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, que perdeu para atuação arrebatadora de Natalie Portman em “Cisne Negro”.  Sua interpretação é impressionante, combinando autoridade, coragem e ao mesmo tempo amor pelos seus em cenas extremamente tensas.

Pesado e triste, não é um filme fácil de ver, mas também quase impossível de abandonar. A tensão e a curiosidade por saber até onde aquela busca quase suicida levará nos acorrenta à trama. Vale a pena!