Mulheres de Araraquara

CRISTIANE GERCINA DA SILVA *

Fevereiro de 2017. Férias, crise econômica e ressignificação.

Chego em Araraquara e as marcas do tempo denunciam muitas mudanças. O mato cresce com a quantidade de chuva de janeiro e um misto de sol sorrateiro que dá força à natureza.

Cresceram também Valentina, Íris, Luiza e Júlia. Cresceu Laura. Chegou Lívia.

Em outro ritmo, em outro tempo, consigo observar todas essas transformações.

Como me espantam e como me alegram!

Não vi cena mais bonita nos últimos meses do que a da minha filha, aos 10 anos, sentada à beira da piscina, em silêncio, ao lado da sobrinha de minha amiga. Um silêncio que diz tanto.

É assim que nascem as amizades?, pergunto a mim mesma.

A resposta talvez esteja no convívio tão intenso com tão genuínas mulheres em um único final de semana. Minhas amigas, as mães das minhas amigas, as avós que nasceram, as mulheres que se tornaram mães e a delicadeza das que escolheram ainda não ter filhos, mas que acolhem a vida como ninguém.

Tanto aprendizado em tão poucos dias.

Naquele final de semana, as palavras mais tocantes vieram de uma adolescente questionando a existência e os próprios sentimentos: “Quando é que vai parar de doer?”, questionava ela.

Eu quis responder que nunca, mas resolvi ler uma crônica. Escrita por uma mulher. E discutimos literatura.

A volta para casa também trouxe lições e reflexões.

O pôr do sol, mais convívio e a certeza de que as mulheres pulsando em Araraquara representam o pulso do mundo.

 

* Cristiane Gercina da Silva
Jornalista com experiência em reportagem e edição na Tribuna Impressa, de Araraquara, e editora-assistente de Economia no Agora São Paulo

 


 

 

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