Sempre quis ter um vestido da Maison Dior. Ou de Armani, mais minimalista, cores sóbrias e de uma elegância sem par. Os da Dior ou Channel povoam os sonhos femininos talvez mais pelo charme da griffe, pelos modelos desfilados no tapete vermelho da premiação do Oscar, usados por mulheres deslumbrantes, aquelas roupas esvoaçantes de tecidos exclusivos. Seda pura, brocados, transparências…É como se usando um vestido daqueles qualquer mulher se transformasse numa diva. Coisas de mulher, diriam, mas conheço muitos homens também cobiçando ternos e modelitos dos atores. Essa é outra história. Homem bem vestido é o must.
Estou falando de costura? Sim. Um ofício delicado, sob medida, que não é para qualquer um. É preciso ter o dom. Nas provas, tira um pouquinho desse lado, aumenta um centímetro na manga, abaixa um pouco o decote e, assim, a peça vai se moldando ao corpo como um segundo eu, e as escolhas dizem muito sobre quem veste, dizem os psicólogos. Uma arte, na verdade. Mas, um pouco em extinção, assim como a dos alfaiates que tiveram de se render aos ternos prêt-à-porter, nem sempre de boa qualidade, feitos em séries, sem personalidade.
Bem, o que me fez pensar em costura foi quem? Isso mesmo: Michel Temer. Olha, vamos nós engolindo o descaramento noticiado sem escrúpulos, abertamente, escancaradamente, o que me faz lembrar um dito popular: “Os cães ladram e a caravana passa”. É isso. A caravana passa e nem latimos mais, pois nada consegue deter os passos desses homens de ternos bem feitos, barrigas de cerveja e cabelos tingidos de acaju.
Não há como tirar o mérito do grande costureiro Temer. Ele é meticuloso, paciencioso, conhece as medidas de seus clientes como ninguém. Primeiro faz o molde, corta, alfineta e alinhava com perfeição. E vai para a prova. Se ficar um pouco largo, nada que uma boa alfinetada – ui, desculpe, foi sem querer – não resolva. Afinal, quem gosta de alfinetes perfurando a pele?
E então, ele parte para a obra final: costura, pedala, costura noite adentro para dar tempo de vestir a todos com perfeição e levar o troféu. Incrível como ele consegue uma nova roupagem até para quem não estava mais escalado para o desfile. Como esse mineiro tão bonito vai ficar de fora? Não, não vai não! Ele mesmo, o estilista em pessoa, dispensando os ajudantes, comanda sozinho o atelier e resolve rapidamente o equívoco. E nós – ah, nós! – assistimos ao show macabro, desejando que todos tropecem na passarela sob os flashes, de preferência do Weber Sian. É o que nos resta. Ou não?