Eu já havia achado o primeiro “Tropa de Elite” (BRA, 2007) do diretor brasileiro José Padilha, um (necessário) “tapa na cara” da sociedade, por mostrar que a responsabilidade sobre a violência e a criminalidade cariocas não é apenas do tráfico, mas também dos usuários que financiam esta engrenagem – “ninguém é inocente” acusa o slogan do filme. Mas sua sequência eu diria que é um soco no estômago seguido de um chute no… digamos… “aquele lugar mais vulnerável da anatomia masculina”.
O cinema de Padilha é assim mesmo: sem sutilezas, direto ao ponto e às vezes truculento, que é para nos acordar mesmo. No caso de “Tropa de Elite 2” (BRA, 2010) para o fato de que as mais escusas associações podem ser feitas nos bastidores do poder constituído tendo como alvo o nosso voto, inclusive entre políticos eleitos para cargos públicos e milicianos de farda. É com estes últimos que o protagonista capitão Nascimento vai bater de frente no brilhante roteiro de Bráulio Mantovani (registre-se, o mesmo do não menos genial “Cidade de Deus”).
Treze anos mais velho que no primeiro filme, Nascimento agora integra o departamento de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. É onde vai parar após ser exonerado da Tropa de Elite da PM carioca, por ter comandado a contenção de uma rebelião que culminou em chacina no presídio de Bangu. Ouvindo “grampos” de telefonemas entre traficantes e policiais corruptos descobre que “o inimigo agora é outro” – slogan da sequência – e muito mais poderoso que o bandido armado das favelas porque blindado pelo poder e pela fachada de “homem de bem”.
A direção frenética de Padilha prende a atenção e o fôlego. O ritmo das cenas é ágil, e o entrelaçamento dos fatos, didático. E a atuação de Wagner Moura como o capitão Nascimento é, mais uma vez, um espetáculo à parte. Ele incorpora o personagem de tal forma que esquecemos que se trata de um ator ali. Irandhir Santos, que teve seu talento revelado para o grande público neste filme, também está muito convincente no papel de um deputado defensor dos Direitos Humanos.
Por tudo isso, permitam-me lamentar veemente e dolorosamente o fato de o filme não ter sido escolhido o representante brasileiro na disputa por uma indicação ao Oscar 2011 de Melhor Filme Estrangeiro (“Lula, o filho do Brasil”??? Gimme a break!!!). Com “Tropa de Elite 2″ teríamos chances reais na disputa, mas prevaleceu a escolha mais “politicamente correta” para a época. Uma pena!!!
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