Prova de que nem todo o sucesso de público é sinônimo de “fórmula descartável” foi o rankeamento de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, como a maior bilheteria da década (até a data desta postagem). Para mim, o filme é mais que genial. É histórico, por provar que é possível, sim, filmar roteiros inteligentes e que fazem pensar sem abrir mão do espetáculo sensorial do “cinemão”. Concordo, aliás, com este comentário de um crítico de cinema respeitado: “sua aparente trivialidade é justamente o que faz com que, enquanto nos diverte, possa levantar questões sérias sobre os valores e os méritos”.
Nesta versão de uma das HQs mais filmadas do cinema, o personagem de Coringa (Heath Ledger memorável!) nos força a refletir sobre o quanto tememos o caos e a falta de significação para cada acontecimento ruim – como a morte de um ente querido, as guerras ou uma tragédia. Nos faz encarar um medo sobre o qual sequer temos consciência no dia-a-dia, por estar escondido atrás das explicações que precisamos encontrar para tudo.
É por conhecê-lo que o Batman de Nolan assume, na segunda parte desta “fodástica” trilogia, a culpa por crimes que não cometeu. Ao contrário do bom-moço Harvey Kent, ele consegue emergir à dor e à falta de significação para a perda do amor de sua vida. Afinal, já passou por esse tipo de sofrimento antes.
Para mim, o filme fornece a melhor definição de super-herói: aquele que não merece o título só por voar entre prédios e fazer coisas que seres humanos normais não conseguem, mas porque – para usar as palavras do oficial Jim Gordon – ele “agüenta” os ônus!
Sensacional!