Olha, não ignoro que dou minha cara a tapa com este texto até pra quem me conhece e ama, pois certamente já me ouviu criticar mais de uma vez realities como o Big Brother Brasil (por glamourizar a banalidade e faturar com o que o ser humano mostra de mais mesquinho em seus momentos de vulnerabilidade, etc, etc). Mesmo assim, confesso: EU ASSISTI ao BBB21 até o mais “amado” fim! #prontofalei.
Até hoje, acreditava que havia sido uma das milhões de vítimas do “efeitopandemia”, que fez a gente se viciar em entretenimento barato no desespero de fugir à triste e crua realidade do país. Mas agora há pouco, desidratando de chorar com o documentário “Você Nunca Esteve Sozinha – o doc de Juliette” (Globoplay), entendi um pouco mais sobre minha “virada de casaca”: não foi exatamente ao BBB que me rendi (by the way, mantenho aquela primeira opinião sobre alguns aspectos do programa), mas ao fenômeno que atende pelo nome de Juliette Freire. Com sua empatia e fortaleza, ela ficou maior que o reality.
Comecei a acompanhar sua trajetória lá dentro atraída pela polêmica “Lucas Penteado x Carol Konká”, que ocupou a mídia em massa e mereceu crônicas sobre “cancelamento e assédio moral” até de nomes respeitáveis do jornalismo. Achei que seria coisa de um episódio só, apenas pra eu poder entender do que, afinal, todo mundo estava falando. Então, testemunhei Juliette sendo hostilizada gratuitamente e me condoí (empatia tem poder!). Aí quis assistir outro pra ver se ela conseguia “dar a volta por cima”… Depois outro, pra ver se ela voltava do “paredão”… quando vi, já estava procurando diariamente, nos meus sites de notícias preferidos, as seções “Famosos/Realities/BBB” pra ler como a imprensa estava tratando a participante.
Fui conquistada pela personalidade forte e ao mesmo tempo generosa da paraibana, capaz de se defender “muito bem, obrigada”, mas também de acolher e perdoar quem lhe agride. Admirei cada vez em que ela conseguiu sustentar, com didatismo e leveza, narrativas de sororidade, empatia e orgulho – não aquele orgulho ruim, nascido de egos inflados ou feridos, mas de pertencimento, de quem abraça a própria identidade com firmeza, sem precisar, para isso, ofender a do outro – em meio à adversidade.
Virei “cacto” (como se intitulam os até então torcedores e hoje fãs de Juliette). E olhe que eu nem havia assistido a seus piores momentos dentro da casa mais vigiada do Brasil, ocorridos lá pelas primeiras semanas. Fui vê-los só hoje, no terceiro episódio do seu doc: ela sendo covardemente criticada e/ou ridicularizada, a maior parte dos ataques “em bando”, ela sozinha pra se defender. Ainda tentava o diálogo. Ainda forçava-se a entender que cicatriz ou dor fez tal pessoa agredi-la de determinada forma. E sempre conseguindo se impor sem vitimização – algumas vezes até de uma forma autoritária, porque… você sabe… é um fio tênue a separar a firmeza do autoritarismo e ninguém é perfeito o tempo todo, ou não viveria neste mundo.
Eu pensava: caramba, como ela consegue se manter em pé? Porque eu, com um décimo do que ela passou ali, teria me liquefeito em choros convulsivos, ido embora pra casa e me fechado em um quarto escuro por uns dez anos, cheia de vergonha por ter me mostrado tão vulnerável em público.
Daí que eu quis ser ela. O Brasil inteiro quis e este foi o verdadeiro fenômeno!
Em um período tão cheio de discursos de ódio e intolerância, a gente (finalmente!!!) quis se espelhar em alguém que sabe pregar a paz mesmo ferida, que exerce a amorosidade sem se deixar diminuir ou subjugar.
Não é pouco, senhoras e senhores. Na verdade, é muito! Principalmente no Brasil de hoje.
Além disso, o carisma de Juliette, aliado a seu jeito simples e espontâneo, faz a gente festejar suas conquistas como se fossem nossas – ou de um familiar muito querido. Por isso nem rola inveja: parece a gente lá (já disse que empatia tem poder?!).
Acho que eu e os mais de 31,5 milhões de cactos que a seguem no Instagram estávamos precisando lembrar (e/ou descobrir e/ou acreditar) que existe no mundo gente forte e generosa como Juliette e que não é tão diferente assim de nós. Isso é um alívio! Dá esperança.
Então, ‘bora lá passar da torcida pra reforma interior necessária pra gente também ser mais assim? Eu ‘tô na lida!