Estamos prontos? *

Entramos em 2018 como em todos os anos anteriores: saboreando ceia, assistindo a fogos, superlotando shows da Virada, sujando praias no Réveillon e curando ressacas. Nos noticiários, o que tornou-se comum nos últimos quatro anos de atuação exemplar de Ministérios Públicos e Polícia Federal: denúncias e acusações de corrupção em todas as instâncias dos poderes Executivo e Legislativo.

Pergunto-me se todos nós, que formamos a grande massa de trabalhadores a arcar com as consequências dos desvios de verbas públicas, já nos conscientizamos de que 2018 não é um ano qualquer… que as eleições marcadas para o segundo semestre não têm a mesma importância das anteriores.

Serão as primeiras eleições presidenciais de uma época em que começamos a enxergar… a ter evidências da corrupção que sempre suspeitamos existir nos bastidores dos poderes que regem nossas vidas cidadãs, e que esse modus operandi contamina a máquina pública muito além do que imaginávamos ou temíamos.

“Minha dor é perceber que apesar de terem feito tudo o que” fizeram, os políticos ainda são os mesmos e vivem como seus antecessores (com o perdão da paráfrase remendada, mestre Belchior!). Ainda vemos um presidente pagar desgaste atrás de desgaste político para atender a fisiologismos partidários; a legisladores votarem – ou não – em projetos que mexem com nossas vidas motivados por acordos e barganhas que os beneficiam pessoalmente, sem a menor preocupação conosco, mas com nossos votos.

Fico pensando se estamos prontos – e, mais importante, se temos coragem – para trocar essa “escola política” por novos rostos e nomes. Mais: será que teremos outros rostos e nomes para formar uma “nova escola política”, na qual possamos depositar confiança e esperança?

2018 será o primeiro ano do resto de nossas vidas cidadãs. Estamos prontos para fazê-lo melhor?

 

* Artigo publicado no jornal A Cidade, em 1º de fevereiro de 2018

2 comentários

    • Márcia em 4 de fevereiro de 2018 às 12:11

    Eu gostaria muito que estivessemos prontos, que houvessem novos nomes incorruptíveis, mas não acho que vai ser desta vez. Quem precisa mudar somos nós, não eles. Eles serão consequência.

    • Márcio Pelegrina em 4 de fevereiro de 2018 às 11:47

    Sinceramente acho que não! Se de um lado o fisiologismo reina absoluto no cotidiano político, do lado de cá agimos com a insanidade rudimentar e o ódio impregnado das torcidas “organizadas”, ratificando cada vez mais este cenário caótico e mau cheiroso. Temos a ferramenta capaz de virar qualquer jogo politico insatisfatório chamada Democracia, mas para utilizá-la de modo eficaz é preciso análise apurada, estudo das opções, argumentação fundamentada para justificar alguma escolha, o que nem de longe estamos aptos a realizar devido à preguiça mental que impossibilita qualquer leitura acima de 5 míseras linhas, além das manjadas dispersões habituais regadas a futebol, carnaval e reality shows.

Comentários foram desabilitados.