‘The Normal Heart’ é de arrasar!

Minha frequência em escrever neste blog é diretamente proporcional à vezes que tenho a sorte de topar com um filme que consegue chacoalhar o meu mundo (qual o sentido em compartilhar impressões sobre histórias apenas bonitas, medianas ou mesmo ruins, não é??). Hoje foi um daqueles dias de sorte!

Nem sei por qual elogio começo a comentar sobre “The Normal Heart”, produção para a TV (nos EUA as televisões também produzem longas para exibição exclusiva em suas grades) que sequer ganhou um título em português nos sites de cinema brasileiros – sinal de que deve levar um tempinho para chegar por aqui.

Mas valerá a pena esperar. Isto é… se você não é uma daquelas pessoas que jura não ter “nada contra” homossexualismo, mas prefere não ver nem ter contato. Do contrário, entregue-se a esta maravilhosa história real, que gira em torno da luta do escritor e ativista gay Ned Weeks para chamar a atenção das autoridades governamentais e de saúde sobre o aparecimento da epidemia de Aids, na Nova York da década de 1980. A partir da observação de casos em seu círculo de amizades e alertado por uma médica que atende a comunidade gay, ele criou a primeira ONG para dar suporte, informação e apoio a infectados – em 1981, a doença sequer era pesquisada e ainda chamada de câncer gay, porque foi entre esta comunidade que ela primeiro se alastrou.

Esta simples sinopse não faz justiça à densidade das reflexões suscitadas pelos dramas que se desenrolam em torno de Ned – e em dado momento em sua própria vida pessoal – paralelamente à sua luta política. A dificuldade dele em sentir-se reconhecido como uma pessoa normal pelo próprio irmão, as divergências entre os próprios gays sobre a abordagem do problema junto às autoridades e, pior de tudo, a dor de verem namorados, amantes, maridos e amigos morrerem de forma deprimente, sem assistência, cercados de preconceito e discriminação… tudo é abordado ao mesmo tempo e sem superficialidade.

Preparem o coração para momentos tristes assim, mas também para vibrar com as interpretações estupendas e corajosas de todos os atores. Julia Roberts, sem maquiagem, no papel de uma médica paraplégica que luta para tratar os doentes e conseguir verba para estudar o vírus, está de arrasar. Nem tenho palavras para descrever a entrega com que Mark Ruffalo interpreta seu corajoso e ao mesmo tempo dócil Ned Weeks.

E o elenco de apoio, formado tanto por atores que são gays assumidos na vida real – caso de Matt Boomer (“Crimes do Colarinho Branco”), Jonathan Groff (“Glee”), Jim Parsons (“The Big Bang Theory”) e outros – como por notórios heterossexuais também surpreende. Quem diria que bonitinhos como Taylor Kitsch (“John Carter – Entre Dois Mundos”) seriam capazes de atuações tão densas?

E preciso falar, Matt Boomer merece que eu me redima por não tê-lo achado, até então, capaz de transcender seu rosto inacreditavelmente bonito. Ele me arrancou lágrimas em mais de uma cena na pele de Felix, namorado de Ned, que também contrai a doença. É a grande história de amor dentro de um filme muito maior que isso.

Palmas para o diretor Ryan Murphy (de “Glee”), que também deu seus pitacos no roteiro de Larry Kramer, adaptado de uma peça teatral.

Arrasou!

1 comentário

    • antonia-carapicuiba em 16 de junho de 2014 às 11:24

    Esse filme chacoalhar dentro de nós mesmo,fazendo ter uma reflexão.Cada emoção transmitida me tocou profundamente.
    Não me arrependo de ter assistido,e super recomendo!!!!!

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