“Para Sempre Alice” (Still Alice) não é um filme fácil. É sobre a força do espírito humano numa luta inglória, sem chances de vitória. Julianne Moore – que super mereceu o Oscar deste ano por seu papel no filme – interpreta a linguista Alice, que recebe o diagnóstico de um tipo precoce do Mal de Alzheimer.
Assistimos ao desmantelamento gradual de sua vida, com a perda de sua cadeira numa eminente universidade, e à fragilização de suas relações familiares.
O diretor – que também assina o roteiro com Richard Glatzer – conta essa história, baseada no romance homônimo de Lisa Genova, sem apelar para os recursos fáceis do melodrama.
Mas nem é preciso. Já é triste o bastante assistir a cenas como a de Alice perdendo-se dentro da própria casa ou desconhecendo a própria filha. Não precisamos de uma trilha sonora melosa avisando que é hora de chorar.
É uma lição de vida acompanhar como Alice enfrenta com classe e sem nenhuma auto-piedade a perda de suas próprias referências de identidade – identidade que, ironicamente, construiu em torno de seu intelecto privilegiado e de sua grande capacidade de comunicação.
Entendemos que a tal luta inglória do Alzheimer é sobre agarrar-se, um dia de cada vez, aos fiapos do que ainda se reconhece de si mesmo. Porque a doença é isso: perder-se de si.
Ainda que Alice não se reconheça, conseguimos enxergar, de nosso ponto de vista, sua altivez por traz da vulnerabilidade e sua gradual regressão mental.
No fim das contas, constatamos: ainda que a luta seja inglória, o amor que fica ainda faz valer a pena.
P.S. “Deeply touched too, Luciana Segantin”