O sofrimento ensina aos dispostos.
Só a eles…
Cheguei a esta conclusão refletindo sobre a espiral de violência que acomete nosso país e, em menor grau – mas não menos preocupante -, os Estados Unidos, com seus episódios de chacina de inocentes por atiradores civis.
A violência se retroalimenta quando as pessoas tentam sobreviver à dor devolvendo à sociedade o mesmo ódio de que são vítimas – adolescentes deslocados atiram em seus bullyers, policiais disparam a esmo em favelas onde seus colegas foram assassinados, criminosos pilham e exterminam a sociedade que os exclui…
De outro lado, mães como Lucinha Araújo e a ribeirão-pretana Marília Castelo Branco semeiam o bem entre outras famílias marcadas pelo sofrimento – a primeira criou a fundação Viva Cazuza, dedicada a atender crianças com a doença que matou seu filho, e a segunda a Síndrome do Amor, para dar suporte a famílias com casos de doenças raras, como a que ceifou a vida de seu Thales.
São exemplos de pessoas dispostas a refletir e a aprender com as próprias dores. Como recompensa, colhem gratidão e amor (o que sentem e o que recebem de volta), que lhes servem como apoios “mágicos”- chamemos assim por ora – para seguirem em frente.
Quem perde entes queridos ou enfrenta algum dos males deste século (depressão, pânico e afins) sabe como é difícil viver com essas dores. Mal comparando, é como tentar caminhar carregando nas costas um fardo mais pesado que o próprio peso.
Sobreviver a elas usando o ódio como apoio é a decisão instintiva, inerente a todas as espécies, por isso mais fácil. No entanto, torna o sofrimento inútil e fatal para a raça humana, pois o multiplica e espalha a dor, como uma epidemia a destruir vidas e desnortear famílias, instalando o caos.
Usar como apoio o amor ao próximo contraria este impulso primitivo, por isso demanda disposição e esforço.
O sofrimento só ensina quando aceitamos a oportunidade que ele abre à reflexão e ao aprendizado através do amor. Ouso dizer que é para aprender isso que vivemos neste mundo tão desigual e cheio de injustiças e ódio. Infelizmente, poucos de nós consegue.
1 comentário
Lindo, lindo, lindo, lindo.