ADORO um vilão carismático! É o que Benedict Cumberbatch entrega como o Khan de “Além da Escuridão – Star Trek”.
Amei odiá-lo!
O ator manipula cada músculo de seu rosto para formar máscaras demoníacas em suas demonstrações de ódio controlado. Prestem muita atenção na cena em que ele descreve ao capitão Kirk (pobre Chris Pine perto de tal ator!) a razão de seu ódio: a câmera focalizando apenas seu rosto em primeiro plano… a maquiagem desenhando olheiras embaixo de seus olhos amarelecidos por algum efeito especial…
Mas é a forma com que ele vai transformando sua expressão, que passa vagarosamente da amargura ao ódio – os olhos e a boca formando diferentes desenhos no processo – é que me deixou hipnotizada.
Isso sem falar das nuances de sua voz, que – além de linda! – ele usa divinamente como recurso interpretativo. Os melhores atores, aliás, fazem isso.
Mas não pensem que descobri Benedict Cumberbatch só agora.
Sua expressão lasciva para a ninfeta que acabou abusada no início de “Desejo e Reparação” já havia me intrigado. Lembro-me de ter procurado por seu nome nos créditos do filme para saber quem era afinal aquele personagem secundário que, como Ralph Fiennes, sabia interpretar tão bem só com o olhar. Com a diferença de que, ao contrário de Fiennes, Cumberbatch nem é bonito (para o caso de me acusarem de estar me derretendo pelos motivos errados… rs).
Depois ele me enfeitiçou de vez como o Sherlock da série homônima da BBC, que adapta as aventuras de sir Arthur Conan Doyle para o presente (isso mesmo, Sherlock Holmes no século 21, colocando celular, laptop e tudo o mais que a tecnologia gestou a serviço de sua apurada inteligência e técnicas de dedução).
“Sherlock” me fez decidir ler os livros, que, sinceramente, gostei menos do que da série (vai desculpando aí Zé Eduardo!). Confesso que achei mais fascinante o brilho de Cumberbatch na pele do detetive, mesmo também tendo gostado de ver Robert Downey Jr. – outro com brilho próprio – interpretá-lo recentemente em dois ótimos longas.
A diferença é que Downey Jr. sempre coloca muito de sua personalidade em qualquer personagem que faz. Mas Cumberbatch se amalgama a eles, não nos deixando nenhuma pista de quem ele realmente é no meio daquela persona que constrói.
Nenhum dos personagens de Benedict Cumberbatch é igual a outro. Tentem assisti-lo, por exemplo, como um tímido e retraído aristocrata na série inglesa “Parade’s End”. Não lembra em nada o ególatra Sherlock ou o diabólico Khan, mas novamente é uma grande interpretação.
Ele também pode ser visto em muitas outras produções inglesas e anglo-americanas (aliás, o homem é um workaholic), como “Cavalo de Guerra“, “O Espião que sabia demais“, “Terceira Estrela“, etc, mas na maioria como coadjuvante. Algo me diz, porém, que seu grau de importância nas próximas produções vai mudar…
O filme
Ah sim… a propósito do filme que motivou este post, tenho a dizer que é MUITO BOM, não deixando nada a dever ao restante da série.
O diretor J. J. Abrams – como Christopher Nolan de “Batman“– tem um talento para orquestrar tramas bem escritas sem perder o ritmo e nem abrir mão do espetáculo visual. Sob sua direção até o insosso Chris Pine chega a ficar convincente, mas nada que chegue aos pés de seu oponente.
As piadas que rendem a relação de Kirk com o vulcano Spock – ou o resto de sua tripulação – funcionam muito bem.
Enfim, é um entretenimento da melhor qualidade, mas, como aconteceu com “Batman” e seu Coringa, a atuação de seu vilão fica maior que o todo.
1 comentário
Bom saber que J.J. Abrams acertou a mão na sequência e que existe um bom vilão na saga – motivação extra para o nerd aqui convencer a esposa a ir ao cinema!