Produção exclusiva da HBO, “Temple Grandim” (Idem, 2010, dir.: Mick Jackson) é a cinebiografia de uma autista que, contra todas as previsões em contrário, conseguiu formar-se em um curso superior e ter uma carreira como veterinária e professora universitária, graças à persistência de sua corajosa mãe e aos estímulos de um dedicado professor.
A verdadeira Temple Grandin é a prova viva do quão longe se pode chegar quando as pessoas que nos amam decidem acreditar mais em nossas habilidades do que nas limitações, evitando que a super-proteção e a indulgência nos impeça de crescer, fazer parte do mundo e de cometer nossos próprios erros.
Temple foi diagnosticada com autismo aos 4 anos de idade, por um médico que aconselhou sua mãe a interná-la em uma instituição para doentes mentais. A mãe teimou em educá-la em casa e, quando conseguiu que a menina aprendesse a ler, a matriculou em escolas normais, das quais ela era expulsa a cada “delito social” – como bater em um colega que lhe fazia bullying. Até que, em um internato rural que acolhia todo tipo de crianças especiais, um professor de ciências percebeu o grande QI da menina e a estimulou a lutar contra sua inabilidade social para estudar. Grandin passou a alcançar notas que a capacitaram a conseguir vaga em qualquer boa faculdade.
E lá foi ela novamente lidar com a selvageria de outro ambiente social hostil para continuar descortinando “os mundos novos” que seu professor de ciências lhe prometia a cada vez que ela tivesse coragem de atravessar uma porta – metáfora para o desconhecido.
O filme se esmera em mostrar, do ponto de vista de Temple, o seu jeito muito peculiar de apreender o mundo, em constante choque com a forma com que o restante da humanidade o faz. Mas Temple aprende a não fugir ou se esconder deste mundo que ela não entende. Assim, seus limites vão sendo testados por ambientes e comportamentos hostis, o que acaba a obrigando a lançar mão de todas as suas melhores habilidades para se equilibrar nele. O resultado foi ela ter chegado aonde médicos como o que a diagnosticou aos 4 anos jamais imaginariam.
A autista Temple Grandin hoje é professora universitária, PHD em ciência animal e percorre o mundo dando palestras sobre este assunto e – claro! – autismo.