Pense no que pode ser mais impagável do que ver Jane Fonda, 73 anos, com uma farta cabeleira grisalha caindo sobre os ombros, metida em um figurino hippie psicodélico e regurgitando discursos do ideário da contracultura.
É como ela se materializa no filme “Paz, Amor e Muito Mais”, como se tivesse acabado de sair de uma máquina do tempo, direto da década de 70 para a Woodstock dos dias de hoje. Vamos combinar, é preciso ter uma grande personalidade para dar conta de um papel que flerta muito de perto com a caricatura e – dependendo da histrionice do ator – com o ridículo.
Mas Jane dá conta. Afinal, estamos falando da estrela de “Descalços no parque” e “Barbarela”, de “Amargo Regresso” e “Klute – O Passado Condena”, que rendeu a ela um Oscar, em 1972. Jane não foi uma atriz dessas que chamam bilheterias de arrasar quarteirões, mas escolheu sabiamente seus papeis e, na vida pessoal, conseguiu não ser ofuscada por maridos ególatras como o cineasta Roger Vadim ou o milionário Ted Turner.
Ainda viveu para confessar sem constrangimentos seus erros e acertos na biografia “Minha Vida Até Agora”. Sem mais nada para provar, ela agora parece estar se divertindo com a escolha de seus últimos filmes, como o francês “E se vivêssemos todos juntos” e este leve “Paz, Amor e Muito Mais”.
No filme, Jane é a mãe hippie da recalcada advogada Catherine Keener, que, após receber o pedido de divórcio do marido, resolve finalmente levar os filhos adolescentes para conhecer a avó. Elas não se vêem ou se falam há 20 anos e logo no primeiro encontro dá para entender porque. A filha certinha reprova o modo de vida liberal – e em um certo aspecto ilegal – da idosa, que ainda vive como se estivesse na Woodstock da década de 70.
Mas não espere profundidade ou um acerto de contas dramático verossímel. O filme resulta em um amontoado de romances superficiais, que se deixam assistir prazerosamente numa sessão da tarde chuvosa. A interpretação de Jane Fonda é MESMO o melhor do filme.
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