Ao lançar “Questão de Tempo”, o cineasta inglês Richard Curtis anunciou que este será seu último filme como diretor. Uma pena, pois ele escreveu o roteiro de alguns dos títulos mais românticos do passado recente de Hollywood – “O Diário de Bridget Jones”, “Um Lugar Chamado Nothing Hill” e “Cavalo de Guerra” entre eles – e ainda assinou como diretor duas de minhas comédias românticas favoritas: “Quatro Casamentos e Um Funeral” e “Simplesmente Amor”.
Todos esses títulos dão pistas sobre uma pessoa que acredita no amor em todas as suas formas e com uma visão que chega a ser ingênua de tão benevolente.
Em “Questão de Tempo”, ele lança mão de um artifício muito usado em roteiros de cinema da última década, que é a viagem no tempo. O jovem Tim recebe de seu pai, aos 21 anos, a notícia de que é capaz de viajar no tempo dentro de sua própria vida. Diante de uma infinidade de possibilidades, ele decide usar o dom para encontrar o amor. Entre idas e vindas, descobre o que pode e o que não pode, e até o que não deve mudar – em dado momento que “não quer” mudar mais nada.
Suas descobertas são simples. Nada que vá ajudar o espectador a encontrar o sentido da vida ou um remédio para suas relações, razão pela qual, suspeito, a crítica especializada deve rotular a história como banal, simplória ou medíocre.
Para mim não tem nada de banal concluir que, quando se aprende a reagir a tudo que acontece de forma mais leve – o que ocorre quando Tim começa a seguir um certo conselho do pai -, ampliando o contexto para além da circunferência de nosso próprio umbigo, aprendemos também a extrair/enxergar o melhor da vida.