Numa reunião de pauta da Revide Ancienne, quando vi seu nome entre os primeiros de uma lista de entrevistáveis, já avisei: “o Saulo Gomes eu faço!”. Qualquer jornalista a par da história da profissão no Brasil conhece sua trajetória como repórter investigativo e destemido – era daqueles que não se calava nem sob ameaças de morte.
Liguei para ele cheia de dedos, usando um tratamento super respeitoso, que ele foi logo quebrando com sua alegria contagiante. E um acolhimento que só sabe ter quem considera a humanidade toda sua família (deve ser uma pré-condição para ser ótimo jornalista).
Seo Saulo me recebeu em seu apartamento com toda a gentileza do mundo. Contou histórias junto com dona Edna – parceira de vida tão simbiótica que às vezes, durante a entrevista, eu ficava em dúvida sobre quem começara ou terminara de contar qual lembrança sobre a vida dele.
Quando saiu a edição da revista com seu perfil, peguei um exemplar a mais. Minha intenção era levar um, pessoalmente, para o casal, mas deixei para fazê-lo depois das últimas entregas de matérias do próximo número. Não deu tempo.
Não é a primeira vez – e acho que nem será a última – que a vida me lembra o que acontece quando a gente teima em colocar deveres mundanos na frente de pessoas. Um dia eu ainda aprendo.
Grata por sua brilhante vida, sr. Saulo!
Todo meu carinho, dona Edna!