Os meses de expectativa, as horas de ansiedade e o Profenid para calar a lombar ressentida com as horas em pé não foram absolutamente nada perto da indescritível experiência de assistir ao show “360º”, do U2. Não acreditem nos vídeos gravados, nas fotos reproduzidas, nas críticas escritas nos noticiários… ESTAR LÁ é único… irreproduzível… mas vou tentar…
Foi preciso estar no Morumbi no sábado (9/4) para entender que assistir a um show de uma banda como esta não vale só por ver seus ídolos cantando ao vivo, a menos de 100 metros de você. A energia que lhe envolve quando suas voz e emoções entram em sintonia com as de outras 90 mil pessoas, somado às sensações multisensoriais provocadas pela produção apoteótica, transcendem mais do que qualquer droga.
Tenho certeza que as críticas jornalísticas vão falar mais apropriadamente da produção épica do show… eu falo aqui é de emoção, identificação, comunhão pela música.
Às vezes parece que você está em uma nave, viajando por um universo paralelo, mas não longe o bastante da antena de conscientização que Bono ativa quando, por exemplo, evoca as palavras de Desmond Tutu na introdução de “One” (Má, meu amor, foi mágico ouvi-la ao seu lado!) ou quando nos lembra que há apenas dois dias um massacre de inocentes deixou 12 famílias enlutadas no Rio… embarcamos em “Moments of Surrender” assim, com os olhos marejados pela visão dos nomes das 12 crianças assassinadas no telão… as mãos levantadas empunhando celulares em obediência ao pedido de Bono.
Do ponto de vista de produção, a mise-em-scene audiovisual arquitetada para “City of Blinding Lights” deve ser apontada como ponto alto do show… o telão esticando, como se de elástico, formando um funil do teto ao chão do palco, mas ainda reproduzindo imagens gigantes de Bono, Adam, Larry e The Edge… as luzes lançadas do palco para o céu, coalhando de figuras abstratas a tela de nuvens – até elas, obedientes, aguardaram quietinhas o fim do show para cair em forma de chuva (as capas só valeram para a apresentação de abertura, com a Muse… também surpreendente!).
Mas, para mim, o melhor da noite foi sentir a força do som surround injetar a bateria inconfundível de Mullen por todos os meus sentidos na introdução de “Sunday Bloody Sunday” – hino supremo de minha relação com a banda … quase estourei os pulmões cantando-a junto e pulando como uma macaca nos refrões.
E o que foi o Bono se balançando pendurado ao microfone circular, suspenso por cabo de aço, na hora de “Ultra Violet”?!… kkkkkkkkkkk… SENSACIONAL!!! Adoro pessoas que não temem o ridículo, pois tenho pra mim que não se levar muito a sério é o melhor remédio contra a velhice.
Breno, lembrei de você na hora de “Beautiful Day”. Você e a Jana teriam adorado!
E vimos Bono se emocionar com o coro do público entoando por ele “Where the streets have no name”, “Help”(Yes, we love Beatles too) e teimando no Oh-Oh-Oh OhOhOh de “Moments of Surrender” muito depois do último acorde soar… Ele agradeceu emocionado.
Deu até para perdoá-lo por ficar me devendo cantar “Pride (in the name of Love)”, “Original of the spieces”, “Sometimes you can’t make it on your own”, “Stay”… (suspeito que seriam necessários dois shows pra eu ouvir todas as minhas preferidas da banda😊).
Foi tudo grandioso… uma viagem tão hipnotizante que ao final das mais de 2h de show parecia que não havia passado nem 1h… mas acabou. Que pena!
P.S. Quase ia me esquecendo… Aldo, Roberto, Val, Tati e Fabinho… vcs foram companhias fantásticas!