Silvia Pereira Pelegrina

Jornalista com 30 anos de experiência em redações, blogueira de cinema, séries e literatura e desde 2022 também assessora de comunicação; Silvia Pereira adora ouvir, ler, assistir e - principalmente - escrever histórias.

Publicações do autor

‘Flores do Oriente’ e um outro desabrochar

O efeito mais deprimente de toda guerra costuma ser a perda da humanidade – homens bestializados, usando o conflito como pretexto para exercer seus impulsos mais primitivos. Em “Flores do Oriente”, retorno ao grande circuito do cineasta chinês Zhang Yimou (“Lanternas Vermehas”), o agente funerário John (Christian Bale, o último Batman) faz o caminho inverso. Em plena zona de guerra, reencontra a sua humanidade, até então adormecida sob o instinto de sobrevivência.

Ele inicia o filme como uma personagem medíocre: um coveiro individualista, oportunista e alcoólatra que atravessa uma zona de guerra com o único interesse de receber a paga pelo sepultamento de um padre. Uma combinação de acasos o torna a única pessoa em condições de proteger um grupo de meninas e outro de mulheres (ironicamente estudantes católicas e prostitutas) que se refugiam numa igreja de Nanquim. Tentam se proteger do histórico massacre, que, estima-se, deixou 200 mil chineses mortos e cerca de 20 mil mulheres violentadas pelas tropas japonesas.

Se o acaso ajudou, foi o repertório interno de John – responsável por despertar-lhe repulsa em vez de conivência os atos de violência praticados pelos soldados – o fator determinante para sua transformação. É gradual o processo pelo qual ele emerge, escolha após escolha, de um repulsivo homem comum a um verdadeiro herói, disposto a correr riscos até então impensáveis em sua cartilha individualista. Sua transformação reflete-se no olhar da atraente Shujuan (Xinyi Zhang), por quem é repelido no começo, graças a sua abordagem grosseira.

Talvez tenha mais a ver com esta transformação do que com as beldades femininas em cena a escolha do título original do filme, “Flowers of War” (em português, flores da guerra). Porque é belo ver o desabrochar da humanidade de John em contraste com a selvageria da Guerra ao seu redor, exatamente como uma flor em meio a uma paisagem hostil.

Bem vindo de volta Yiimou.

‘Histeria’: a invenção do vibrador

Entre os créditos iniciais de “Hysteria” consta a seguinte advertência: “This story is based on true events… Really“(algo como: “esta história é baseada em fatos reais… ACREDITE”). A veemência é necessária à medida que descobrimos que trata-se da história de como foi inventado, no final do século 19, nada menos que o primeiro VIBRADOR.

É interessante e divertida a forma como o roteiro apresenta as contradições em torno da criação de tal aparelho. Na Londres de 1880 a eletricidade ainda era uma invenção nova, utilizada de forma experimental, e o uso de antibióticos para combater infecções era uma corrente inovadora da medicina ainda pouco aceita entre os profissionais da velha escola, o que causava ataques de revolta no jovem e idealista médico Mortimer Granville (Hugh Dancy, lindo como sempre!).

Paradoxalmente, o médico de senhoras Horace Dalrymple (Jonathan Price) ocupava-se, mais do que de problemas do órgão reprodutor feminino, de tratar o que ingênua e respeitosamente (de verdade!!!) a medicina da época chamava de histeria. O mal, que acometia mulheres das mais variadas faixas etárias, era caracterizado por variações de humor que provocavam certos pensamentos “antinaturais e estressantes” nas mulheres. Seu tratamento – paliativo, já que era considerado sem cura – consistia em provocar uma descarga de tensão nas senhoras por meio de massagens… adivinhem onde.

Acreditem, o filme nem de longe flerta com pornografia ou erotismo. Chega a ser admirável como consegue contar esta história sem sequer banalizá-la. Mas não deixa de ser divertido observar Price, com sua indefectível classe de lorde inglês, demonstrar enfado e cansaço com o tratamento aplicado às mulheres, a ponto de passar o encargo ao novo assistente com indisfarçável alívio. E é com senso de dever altruísta que o jovem médico aceita o trabalho.

Quando o excesso de esforço começa a causar-lhe lesão muscular na mão – o que hoje chamamos tendinite – a ponto de incapacitá-lo, Granville leva o problema ao amigo metido a inventor, que passa o tempo a fazer experimentos com aparelhos movidos a eletricidade.

Paralelamente a tudo isso, ainda sobra tempo para Granville cortejar a filha mais nova de Dalrimple e ser cooptado para a causa humanitária da mais velha, considerada ovelha negra por gastar o dinheiro da família com a manutenção de um abrigo para a população pobre de Londres.
Adivinhe quem vai acabar conquistando seu coração…

‘Vingadores’: pura diversão!

Acreditem ou não, filmes de ação costumam me despertar uma imensa preguiça de ir ao cinema porque, ironicamente, as sequências-razão-de-ser do gênero – lutas, tiroteios, explosões, perseguições – são justamente as que me matam de tédio. Quando elas começam chego ao ponto de ficar procurando fissuras no teto ou imperfeições na estante da sala – ou qualquer outra distração para passar o tempo até a história recomeçar do ponto em que a “sessão testosterona” a interrompeu.
Precisei explicar isso para que o leitor tenha a dimensão do quanto significa para mim fazer a confissão a seguir:

“Os Vingadores” é DEMAAAAAAAAAAAAAAAAAAIS!!!

Dá para contar nos dedos quantas vezes um entretenimento de ação fez eu me render com tamanha entrega a diversão pura, anestesiante, AMNÉSICA!

Só para constar: não sou completamente refratária ao gênero. Quando um filme alia a ação a uma boa história (e bem contada), como em todos os filmes de Christopher Nolan (“Batman Begins”“O Cavaleiro das Trevas”“A Origem”, etc) ou na série “Star Wars”, por exemplo, também me rendo sem pudores.

Mas nem estou bem certa se este é o caso em “Os Vingadores”. A história sequer é surpreendente, já que várias produções – de medíocres a medianas – vinham preparando o público para ela.

Começa quando uma arma alienígena é roubada de uma base ultra-secreta pelo Asgardiano Loki e o alto agente da Inteligência norte-americana Fury (Samuel L. Jackson) decide convocar os super-heróis que ele vem recrutando há alguns filmes: Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Incrível Hulk (Mark Ruffalo) e Viúva Negra (Scarlett Johansson). O semideus asgardiano Thor (Chris Hemsworth) entra na parada para tentar conter o irmão adotivo, e o Arqueiro (Jeremy Renner), que começa o filme dominado pelo vilão, a certa altura também adere ao “time do bem”.

O que torna esta produção impagável, para além dos esperados efeitos especiais de última geração e do perfeito timing de ação da montagem, são dois ingredientes genialmente combinados: o humor que embala toda a ação e a química perfeita entre os atores escolhidos.

ALIÁS, por favor, permitam-me pagar-pau para a boa forma de Chris Evans, para a voz sedutoramente grave de Chris Hemsworth e para o irresistível ar de bebê chorão de Mark Ruffalo – e o que é o CHARME daquele Robert Downey Jr!!! Tá bom, posso estar me deixando levar pelo entusiasmo pós-filme, mas até a atuação de Tom Hiddleston como Loki me fez adorar odiá-lo. Ele mandou muito bem!.

Ah… Scarlett Johansson está “boazinha” também…

Delícia de romance-fórmula!

Quão lindo pode ser um amor maduro? Sem promessas de felicidade cor-de-rosa, mas, ainda assim, um cobertor quente e macio dentro de uma casa velha chacoalhada por uma tempestade… É como os charmosíssimos Diane Lane e Richard Gere (ai, ai…) nos fazem crer no amor, mesmo em um filme-clichê como “Noites de Tormenta” (Nights in Rodhante, 2008), passado no litoral da Carolina do Norte, à época da passagem de um furacão.

Vamos combinar, não é uma grande história. Se você colocá-la ao lado dos demais romances de Nicholas Sparks – o autor romântico mais filmado da atualidade (vide “Uma Carta de Amor”“Um Amor para Recordar”“Diário de uma Paixão”“Querido John”“A Última Música”, todos calculadamente açucarados) -, vai perceber que segue a mesma fórmula das outras, apenas com nomes e idades diferentes para os personagens: sempre um homem e uma mulher que, depois de se apaixonarem idilicamente, são separados por um drama que, ou envolve renúncia ou morte.

A diferença em “Noites de Tormenta” é como um par de atores maduros consegue conferir veracidade, dignidade e charme irresistíveis a esta história-coringa. Você só quer mandar seus pudores intelectuais às favas, enrolar-se em um edredom no sofá da sala e render-se ao clima, de preferência levemente embebedada por duas taças de vinho frisante. E se São Pedro ainda manda uma chuvinha para tamborilar na sua janela, hummmm…

Ao fim da sessão de choro catártico, só resta redimir-se em 1.500 toques de um texto de blog em que você explica porque, de vez em quando, precisa render-se a um romance-fórmula: porque é tudo de bom!

Como ‘Peggy Sue’

“Peggy Sue – Seu Passado a Espera” (Peggy Sue Got Married, 1986), de Francis Ford Coppola, foi um de meus primeiros cultos cinematográficos. Seu roteiro foi o primeiro que vi utilizar como argumento – copiado à exaustão muitos filmes depois – a volta da protagonista (Kathleen Turner – foto acima) a seu passado, com a memória de todo um futuro vivido e com o poder de reeditá-lo. Até então acreditava que eu e todos os adultos do mundo considerariam dar um braço ou perna por tal oportunidade.

Ainda tenho todos os meus membros no lugar, mas de uma forma torta, poética, mas não menos real, ganhei de presente minha própria oportunidade de reeditar 27 anos passados em minha cidade natal, após 14 de outros “sonhos felizes de cidades” – e nem precisei entrar em coma como Peggy Sue.

Foi acordada que confrontei, recentemente, as esquinas que me assistiram carregar dilemas adolescentes e duras lidas de início de carreira. Atrás delas reencontrei antigos e valiosos afetos, personagens caras não apenas por terem passado por minha vida, mas por terem me escolhido e aceito junto com toda a parafernália emocional confusa que vinha junto com minha amizade.

De uma dessas pessoas especiais ouvi, ao reencontrar: “Acho que amizade é isso, né? Parece que não passou tanto tempo… que te vi ontem”.

Descobri assim que gratidão é um sentimento tão bom de sentir quanto o amor e fiz as pazes com este passado que acreditei ruim por tantos anos. Cheguei à mesma conclusão de Peggy Sue: o passado não precisa ser reeditado e a vida segue exatamente o rumo que escolhemos – não há melhor!

Freddie Highmore cativa em romancinho

Há filmes de que gosto sobre os quais não escrevo simplesmente porque não consigo traduzir em palavras os motivos para terem me comovido. Alguns dos piores posts deste blog, aliás, são resultados de tentativas desastrosas de vencer esta limitação da palavra diante dos sentimentos que certas histórias despertam.
Mas não aprendo e lá vou eu de novo tentar justificar porque me enterneceu assistir ao romance adolescente “A Arte da Conquista”, de Gavin Wiessen.

Uma hipótese pode ser a presença no elenco de um Freddie Highmore deixando a infância, com a voz ainda rouca, em plena revolução hormonal da adolescência. O atorzinho de “Em Busca da Terra do Nunca”“O Som do Coração” (na cena à esquerda) sempre me comoveu em todos os filmes em que o assisti, não só pelo talento. Ele passa uma vulnerabilidade e uma verdade nos olhos que nos subjuga e cativa sem a menor chance de defesa.

Pode ter colaborado também o apelo infalível do personagem deslocado – quem foi um na fase escolar sempre se identifica -, no caso o adolescente George, super-inteligente, mas desinteressado de todos os aspectos práticos da vida por acreditar que é tudo de uma grande inutilidade considerando-se que todos nascemos e morremos sozinhos.

Impossível não acompanharmos expectantes ele se deixar experimentar um pouco da vida mundana de adolescentes comuns levado pela nova amiga Sally – uma loirinha linda que se interessa por aquele garoto estranho que a salva de ser pega fumando na escola.

Podem ser todas as hipóteses acima juntas e mais a cena que, para esta romântica incurável, valeu o filme todo: uma simples e nada original declaração de amor que termina assim: “Antes eu não era nada… era menos que nada. Você mudou isso”.
Eu sei, assim, fora de contexto, parece piegas, mas dê-se a chance de ver Highmore com sua expressão de sinceridade desconcertante e pura proferi-la com os olhos marejados e TALVEZ você entenda do que estou falando.

P.S. Até agora não entendi a escolha do título do filme.

‘50%’ é sobre câncer, mas não é drama

Se você também acha impensável um filme cujo protagonista tem câncer não encaixar-se na categoria drama, precisa assistir a “50%” (50/50). Apesar de a doença estar presente por toda a narrativa, não há uma cena lacrimejante no filme assinado pelo jovem diretor Jonathan Levine. Aliás, bem ao contrário…

Com Seth Rogen e a talentosa Anna Kendrick no elenco, o filme tem ótimos momentos de comédia e ensaia algum romance, mas não assume nem uma coisa nem outra. A falta de rótulos, porém, não faz nenhum mal à narrativa e até garante um frescor de originalidade ao roteiro de Will Reiser.

“50%” é mais a história de como o jovem jornalista Adam (Joseph Gordon-Levitt), de 20 e poucos anos, aprende a enxergar e a valorizar seus verdadeiros afetos quando é confrontado com a descoberta de que tem um câncer na coluna – o título refere-se à probabilidade de Adam sair do tratamento com vida. Não fosse a doença, ele não enxergaria a superficialidade de seu relacionamento com a artista plástica Rachael (Bryce Dallas-Howard), nem a força da amizade do colega de trabalho Kyle – à primeira vista um brucutu sem profundidade – e ainda perderia muitos anos fugindo do afeto super-protetor, mas genuíno, da mãe (Angelica Huston).

Gosto de pensar que a leveza com que o filme aborda um tema tão espinhoso seja uma armadilha do roteirista para fisgar a atenção das gerações Y e Z – tão superconectadas à tecnologia e desconectada dos afetos – para o que realmente importa na vida. Torço para que esta geração individualista e meio egocêntrica entenda o recado.

‘Tão forte e tão perto’: MARAVILHOSO!

“Tão forte, tão perto” é uma jóia de história filmada por Stephen Daldry (dos também excelentes “Billy Elliot”, “O Leitor” e “As Horas”), mas não deve ser entendida com a razão e sequer no âmbito do consciente. É preciso deixar seus sentidos e emoções acompanharem as expedições do garoto Oscar Schell (Thomas Horn), que parte em várias buscas pela cidade de Nova York após a perda do pai. Primeiro pelo sexto município de Nova York, que o pai diz ter flutuado para longe; depois da fechadura na qual se encaixe uma chave que ele encontra entre os pertences do falecido.

O inconsciente – regido e regente das emoções – se encarrega de nos conectar aos significados embutidos nas buscas do garoto com Síndrome de Asperger (verão mais funcional do espectro autista), que sai pela metrópole encarando seus medos para tentar dar sentido a uma perda. No processo, ele conhece pessoas de todos os tipos, inclusive o avô (Max Von Sydow, divino!) que nunca conhecera. Ainda redescobre a mãe (Sandra Bullock), que mantinha à distância de sua relação simbiótica com o pai (Tom Hanks).

Claro que não entregarei qual grande descoberta ele faz ao final, mas posso adiantar que a solução de uma de suas expedições é uma metáfora valiosa que o pai deixa como ensinamento derradeiro.

Que maravilhoso descobrir que a indústria do cinema ainda é capaz de produzir filmes tão profundos e sensíveis!

Apostei no último post que “A Invenção de Hugo Cabret” seria o grande vencedor do Oscar deste ano – e talvez seja mesmo, pelos motivos comerciais que elenquei -, mas minha torcida ficará com “Tão forte e tão perto”. Simplesmente MARAVILHOSO!

Homenagem poética às origens do cinema


Acho que acabo de assistir ao vencedor do Oscar 2012 de Melhor Filme: “A Invenção de Hugo Cabret”, de um Martin Scorsese completamente fora de seu estilo habitual de cinema.

Confesso que, apesar de considerá-lo um mestre nas técnicas cinematográficas, não sou fã da maioria das histórias filmadas pelo diretor dos violentos “Táxi Driver”, “Touro Indomável”“Os Infiltrados”. Concordo que seus filmes figuram entre os melhores já produzidos pela indústria norte-americana, mas, salvo “A Época da Inocência” e “A Ilha do Medo”, os roteiros que filmou antes de “O Aviador” transbordam muito sangue e testosterona para o meu gosto pessoal.

Mas “A Invenção de Hugo Cabret” é diferente de tudo o que o cineasta já fez. Baseado em um livro infantil homônimo, costura uma série de homenagens à história da sétima arte enquanto narra as aventuras de um órfão que vive incógnito dentro do relógio da estação de trem de Paris, na década de 30.

Quando tem seu caderno de anotações roubado pelo dono de uma oficina de brinquedos instalada na estação, Hugo (Asa Butterfield) conhece a neta dele (Chloe Moretz), com quem iniciará uma aventura para solucionar um mistério envolvendo o robô que herdou de seu pai morto e o avô da menina.

É lindo acompanhar o raciocínio infantil – portanto simples e singelo – que leva Hugo a decidir-se por ajudar a “consertar” a vida do papa George (Ben Kingsley, sempre galante), que como um relógio quebrado, amarga a perda de sua função no mundo.

Impossível não se enternecer.

Mas quem ama cinema para além da telona também conseguirá divertir-se identificando referências à sétima arte, como a música do clássico“A Grande Ilusão” (Jean Renoir, 1937) tocando no café da estação e a apropriação de George Meliès – ilusionista que tornou-se um dos precursores dos efeitos especiais nos primórdios do cinema – como um dos personagens-chaves da história.

Em uma sequência, aparecem entre os frequentadores da estação nada menos que o escritor James Joyce, o líder político britânico Winston Churchill e o guitarrista belga Django Reinhardt.

Também uma instituição do cinema, o veteraníssimo ator Christopher Lee faz uma belíssima participação especial como o livreiro Labisse (que timbre magnífico de voz ele continua a ter!).

E a fotografia, belíssima, é um espetáculo à parte.

Enfim, são homenagens demais ao cinema para não derreter os corações dos votantes do Oscar, que obviamente se sentirão tão homenageados quanto, já que são parte desta indústria de sonhos.

Recentemente, li a uma entrevista de Scorsese dizendo que o cinema salvou sua infância solitária, enchendo-a de magia. Identifiquei-me imediatamente! O cinema e os livros também fizeram companhia à minha infância solitária, a ponto d’eu nem perceber que era solitária (só depois de crescida me dei conta… rs). Os filmes fizeram-me companhia até antes dos livros, já que me acompanham desde antes da alfabetização.

Ah e como foi bom viajar nesta arte mágica! Quem tem esta relação com cinema, vai resgatá-la, como eu, assistindo ao filme de Scorsese…

‘Histórias Cruzadas’: tocante!

“Histórias Cruzadas” (The Help) traz a então promissora Emma Stone no primeiro papel sério de sua carreira no cinema e uma história inspiradora de sororidade.

Emma interpreta Skeeter, jovem recém-formada em Jornalismo e única solteira e sem filhos de uma turma de amigas que se conhece desde a infância, na pequena cidade de Jackson, no Mississipi (EUA). No início dos anos 1960, quando vigoravam naquele Estado leis de segregação – proibindo, por exemplo, que negros partilhassem com os brancos desde livros e poltronas de ônibus a banheiros -, ela decide escrever um livro mostrando o ponto de vista das empregadas negras que trabalham para famílias brancas e são obrigadas a conviver com todo tipo de discriminação. Foi inspirada pela falta que lhe faz sua babá negra, que não reencontra ao voltar pra casa da faculdade.

Inicialmente, Aibeleen (Viola Davis, estupenda!) e Miny (Spencer), empregadas de duas de suas amigas, são as únicas a aceitarem o risco de infringir a lei por reunirem-se com uma branca para contar suas histórias de vida. A coragem surgirá a seu tempo, despertada por uma série de acontecimentos e injustiças envolvendo discriminação e ódio racial, tanto no País quanto na pequena Jackson. Em meio a eles, Skeeter, Minny e Aibelleen conhecem o melhor e o pior das pessoas de suas relações.

Vale a pena conferir.